27 outubro 2013

escolhendo o filho preferido (ou os irmãos)

(uma carta ao pai)

Queridíssimo,

Imagine que temos quatro filhos. O primeiro, mais velho, é o mais rebelde, pinta o cabelo e usa piercing na sobrancelha. O segundo filho, é mais engraçadinho, o fofo da família. Não tem como não gostar dele por esse sorriso gostoso que ele dá quando te vê. Com a chegada do terceiro, decide viver a vida se divertindo, mas sem se auto destruir como o primeiro. Diversão controlada. O terceiro é aquele centrado, maduro, pois sabe que deve seguir o exemplo do engraçado e ser simpático, mas não deve ser rebelde como o mais velho. Porém, por algum tempo, foi o mais novo, o mais paparicado e querido, sabendo depois se adaptar a não ser mais o bebê da casa quando o quarto entrou em nossas vidas, meio sem planejamento. Cria independência sem deixar de ser amoroso. O quarto filho, o pequenino, se sente o preferido por ter sido o último, mas sempre tentará alcançar o sucesso dos anteriores, que um dia também foram os xodós dos pais. Infelizmente, no entanto, já foi concebido quando os pais já não eram tão novos, sendo difícil ter o mesmo tipo de aproveitamento familiar de que dispuseram os seus irmãos. Todos já saíram de casa, cresceram, criaram suas próprias famílias, e ele é apenas o último que ainda está esperando crescer, já sem a casa cheia de familiaridade. Somente em ocasionais reuniões da banda, quer dizer, da família, em que todos falam sobre memórias antigas do primeiro, do segundo, do terceiro filho, mas dele nem tanto, pois não havia mais ninguém por perto para vivenciar com eles tais momentos. É triste, mas é o problema de ser o número 4.
Com isso, afirmo que o terceiro filho seria o meu preferido apenas por ser a junção das melhores partes de todos os outros. Sabe da rebeldia do primeiro, e tem certo orgulho por ele ter saído para explorar o mundo e dizer não às convenções. Tem muito carinho pelo segundo, seu melhor amigo, pois este lhe dá os melhores conselhos, apesar de terem sido quase inimigos mortais na infância por conta de ciúmes. E, apesar de tudo isso, ainda tem grande carinho pelo último filho, o tratando como seu pequeno irmãozinho para sempre, seu protegido. É o último que é menor que ele mesmo, é de quem pode cuidar e passar para frente seus conhecimentos. Como não amar o terceiro?
Considere.